DIA 21 DE ABRIL DIA DE TIRADENTES, PATRONO DA ODONTOLOGIA BRASILEIRA

DIA 21 DE ABRIL DIA DE TIRADENTES, PATRONO DA ODONTOLOGIA BRASILEIRA

Um pouco de História para homenagear o Patrono da Odontologia Brasileira e compreender também mais sobre as correlações entre essa profissão maravilhosa, que cuida do bem-estar e qualidade de vida de nossa gente, e as lutas para a formação de nosso país, de nossa cultura, de nosso amor pelas nossas raízes e, pontualmente, uma homenagem à profissão onde atuamos.

 

Tiradentes, o Joaquim José da Silva Xavier, nascido em 1746 e morto em 1792, no dia 21 de abril, por enforcamento, foi depois esquartejado para que seus despojos servissem de exemplo a seus companheiros inconfidentes espalhados no Caminho Novo, que ligava Vila Rica, maior cidade do país naqueles tempos (cerca de 80.000 habitantes) e principal centro de mineração em Minas, ao Rio de Janeiro, por onde escoavam toneladas de ouro para pagar os impostos à Coroa Portuguesa, remetidas a Lisboa por rotas marítimas.

Lembremos que, em 01 de novembro de 1755, Lisboa* fora devastada por um terremoto de grande magnitude, Portugal se encontrava, sob o comando de Sebastião de Carvalho e Melo, o Marques de Pombal (1699-1782), que, ao impor a cruel Reforma Pombalina, aumentou exorbitantemente os impostos no Brasil para restaurar, a peso de ouro brasileiro, a cidade portuguesa. A situação que já era insustentável para os brasileiros tornou-se o grande estopim para a deflagração da conjuração entre os mineradores, movimento conhecido depois por Inconfidência Mineira.

A palavra ‘inconfidência’ significa traição, deslealdade, infidelidade, indiscrição. Em nossa História está associada ao adjetivo ’mineira’, também conhecida por Conjuração Mineira. A palavra ‘conjuração’ significa associação de pessoas com propósitos secretos de conspirar, depois de firmado acordo ou pacto seguido de juramento de fidelidade entre todos os conjurados. Disso se pode concluir então que Tiradentes, sendo um inconfidente, era um traidor, um conspirador, um infiel?

Sim, era tudo isso, mas contra o tirano Império Português, que explorava à sangria o Brasil com impostos insustentáveis e insuportáveis para benefício apenas de si mesma. Então, do ponto de vista do Estado Português, naqueles tempos, Tiradentes foi um líder que conspirava contra a Coroa Portuguesa, e por ela foi considerado um traidor, conspirador e infiel! Mas o que ele fazia era algo maior e mais nobre, compreendido por poucos, para o bem de sua gente, de seu país, que ansiava pela própria independência, nos moldes da Independência dos Estados Unidos, já declarada em 04 de julho de 1776, inspirada nos ideais iluministas que por aqui também repercutiam.

Os inconfidentes foram traídos por Joaquim Silvério dos Reis – este, sim, um traidor – para ter suas dívidas perdoadas pela Coroa Portuguesa, que perseguiu os revoltosos, fazendo com que o movimento da conjuração “fracassasse”. As ideias de independência e liberdade, no entanto, permaneceram e prosperaram. Em 1822, no dia 07 de setembro, as ideias venceram e, depois do grito de independência nas margens do Rio Ipiranga, por Dom Pedro I, passamos a ter o nosso destino em nossas mãos. Devemos muito disso aos ideias libertários e iluministas dos inconfidentes.


Tiradentes e a Odontologia

Além de dentista (não um simples “tira-dentes”, mas também um cirurgião dentista), ele era minerador, tropeiro, comerciante, militar (alferes) e ativista político. Por conta disso é patrono das Polícias Militar e Civil, considerado um mártir e herói brasileiro sem contestação. Sua morte em 21 de abril de 1792 marca, no calendário nacional brasileiro, o Dia da Inconfidência Mineira, um feriado nacional.

 Por que mártir? Porque a maioria dos inconfidentes eram pessoas muito importantes na elite da época e ele, Joaquim José da Silva Xavier, não era. Apenas um dentista tirador de dentes que, não sendo da alta sociedade e nem rico, era, no entanto, um grande orador e líder, logo tornara-se aquele que melhor representava o espírito de revolta e inconformismo contra o Império Português, aquele que sentia as dores do povo e a quem dedicava o seu trabalho, minimizando seu sofrimento. Quando Dona Maria, Rainha de Portugal, concedeu o perdão a todos os revoltosos (em sua maioria elite endinheirada, a quem a Coroa interessava cooptar), não o concedeu, entretanto, a Tiradentes, que acabou julgado, condenado e, como bode expiatório de todos, enforcado e esquartejado, conforme acima.

Tiradentes foi um homem adiante de seu tempo, e os homens comuns, sem visão de futuro, presos à mesquinharia de seus interesses imediatos, manipulados e amedrontados pela Coroa, acabaram sendo também seus algozes.

As faculdades de odontologia no Brasil foram fundadas no século seguinte, por D. Pedro II, no Rio de Janeiro e Bahia, em 1884, portanto quase um século depois, mas Tiradentes, no Século XVIII, não apenas extraía dentes, mas também os tratava dos males que afetavam a cavidade oral, desenvolvia suas próprias ferramentas e esculpia dentes com ossos de animais para os fixar nos elementos laterais, numa época em que os “tira-dentes” eram, em sua maioria, barbeiros práticos e a ciência voltada para a Odontologia em nosso país nascente não existia. Que homem extraordinário, realmente um ponto fora da curva!

Além de tantas outras habilidades, era um homem preocupado com a saúde bucal, algo incomum em seu tempo, dotado de um profundo sentimento de humanidade. Inspirado por tais características, e por ele, Tiradentes, ter legado melhores condições de vida a tantos em uma época de tanta pobreza técnica e científica e de dificuldades extremas, acabou por ser instituído Patrono da Odontologia Brasileira em 1965, pelo Conselho Federal de Odontologia e reverenciado no dia 21 de abril no Dia da Inconfidência Mineira. Não poderia ter havido melhor escolha!  

A Woson, que considera o bem-estar e a saúde das pessoas a sua maior missão, rende a sua homenagem a Joaquim José da Silva Xavier, o nosso Tiradentes e Patrono de nossa Odontologia, neste dia 21 de abril, Dia da Inconfidência que criou os lastros de liberdade e alimentou o nosso sentimento de independência e soberania.   

WOSON

Inovação para um novo tempo.

 

* Lisboa em 1755 tinha em torno de 200 mil habitantes e o terremoto matou, estima-se, entre 30 e 50 mil, fora a devastação física na infraestrutura urbana e os efeitos colaterais que perduraram por décadas.

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Waldomiro Peixoto
Consultor Técnico Woson