PLANEJAR AMBIENTES DE TRATAMENTO DA SAÚDE (PARTE III)
Nos praticamos saúde
Neste artigo, segue o tema ERGONOMIA E BIOSSEGURANÇA, agora focando sobre aspectos importantes da Central de Materiais e Esterilização (CME), com base nos Procedimentos Operacionais Padrão (POP) preconizados pela ANVISA, e parte da rotina nos ambientes de tratamento da Saúde.
Como ficou dito no artigo anterior, do local de tratamento do paciente à sala de esterilização ou CME, a circulação de material – contaminado e/ou esterilizado – deve ser a mínima possível para reduzir substancialmente a oportunidade de ocorrer contaminação cruzada.
O planejamento do espaço geral da Clínica ou Consultório – estacionamento, jardim, fachada, recepção, sala de espera, escritório, jardim de inverno, área de serviços, sala de apoio e armazenagem, copa, sanitários, escovódromo, casa de máquinas, sala de equipamentos ou centro cirúrgico, sala de expurgo e central de materiais e esterilização – deve prever a correta e segura circulação de material e pessoal responsável e, uma vez dentro da CME, prever também o fluxo “da área suja para a área limpa”, daí seguindo até o reuso ou armazenagem (ver setas).
Plantas baixa e 3D de um ambiente de tratamento odontológico com recursos mínimos.
Acesse o link: https://www.youtube.com/watch?v=YSHDrBBgCdM
Do geral para o particular, uma CME deve ter sua “área suja” separada da “limpa” por uma barreira física, de forma que a primeira não contamine a segunda. E dentro de cada uma delas, a previsão dos equipamentos e dispositivos para favorecer a rotina e facilitar a prática de expurgo, limpeza, secagem, inspeção visual, empacotamento, esterilização, armazenagem e uso.
Na ilustração acima, vemos o material descartado no pós-operatório ser transferido diretamente do consultório para a área suja da CME, via guichê, praticamente zerando a circulação de material contaminado. Esse é o ideal, quando a estrutura física permite.
AREA SUJA
Planejar balcão com tampo de pedra e armários para guarda de material de apoio como sabões, detergentes, escovas, luvas apropriadas para limpeza mais pesada, gorros, máscaras e outros. Se possível, armários suspensos acima do tampo de pedra para ampliar área de apoio e guarda de materiais mais leves. Planejar expurgo de resíduos orgânicos e inorgânicos, cuba funda com torneira de haste longa, acionada por pedal ou célula fotoelétrica para evitar contato manual. Prever espaço e pontos de ligação para lavadora ultrassônica, lubrificadora de pontas, lupa para inspeção visual, bico de ar para secagem de instrumentais, seladora e empacotamento. Há profissionais que preferem selagem e empacotamento na área limpa, depois de receber da área suja o material seco e inspecionado, pronto para autoclavar.
A área suja é espaço de alto risco de contaminação, portanto qualidade de piso e de revestimento das paredes, cantos arredondados e outros pontos retentivos, devem ser considerados visando facilitar limpeza e desinfecção. Os microrganismos adoram ambientes com pouca luz e abafados, então iluminação e ventilação são dois agentes naturais que muito contribuem para manter asséptico este local de trabalho. Não se pode dar a eles chances de sobrevida!
ÁREA LIMPA
Embora protegida da intensa contaminação da área suja por barreira física, não se pode baixar a guarda na área limpa. Esta exige também os seus cuidados específicos. Tudo precisa ser feito para preservar a esteilidade do material estéril. Planejar balcão com tampo de pedra e armários para guarda de material de apoio como água destilada, sabões, detergentes etc. Também armários suspensos, conforme acima. A cuba não precisa ser funda, apenas suficiente para higienização de mãos e pequenos objetos, evitando, dessa forma, ter de sair do ambiente para higienização. Prever espaço e pontos de ligação para destiladora de água, autoclaves, uma segunda seladora de apoio, caso o profisisonal já tenha feito a selagem e empacotamento no balcão da área suja. Os cuidados com piso, parede e cantos devem ser os mesmos mencionados na área suja. O importante é estabelecer procedimentos e rotinas que minimizem ou eliminem de vez o risco de recontaminação. Esta tem de ser bloqueada na barreira física entre as áreas e não seguir adiante. Reiteramos: da área limpa até a boca do paciente o risco de recontaminação tem de ser evitado de todas as formas. A manutenção da esterilidade, insistimos, é um ponto que não pode ser, em nenhuma hipótese, negligenciado.
PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS PADRÃO (POP)
Os POP’s estão definidos com clareza na RDC 15, de março de 2012 (todo profissional de Saúde deve conhecê-la na íntegra!), e o planejamento da CME, parte central da Clínica toda, deve ser feito de forma a que facilmente eles – os procedimentos padrão – sejam incorporados na rotina biossegura de todos os profissionais.
A rotina leva à repetição, a repetição ao hábito, o hábito à excelência, e a excelência à cultura, cultura de todos dentro da clínica. Clínica com cultura biossegura é aquela que valoriza a vida, em consonância com os princípios da ANVISA, que conceitua a biossegurança como uma “condição de segurança alcançada por um conjunto de ações destinadas a prevenir, controlar, reduzir ou eliminar riscos inerentes às atividades que possam comprometer a saúde humana, animal e o meio ambiente.”
A estrutura geral da clínica é um todo planejado e integrado de partes relacionadas entre si – a CME é uma dessas partes – cujo objetivo maior é a saúde integral de seus profissionais e pacientes. Por fim último, é a preservação e valorização da vida. No próximo artigo, parte IV, nosso assunto será infraestrutura de elétrica, hidráulica e pneumática, em toda a clínica, essencial para que todas as partes bem funcionem de forma integrada. Aguardem.
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