CONTROLE DE INFECÇÃO EM AMBIENTES DE TRATAMENTO DE SAÚDE

CONTROLE DE INFECÇÃO EM AMBIENTES DE TRATAMENTO DE SAÚDE

UM SISTEMA DE CONTROLE DE INFECÇÃO PREVÊ MEDIDAS GERAIS DESDE O MOMENTO EM QUE SE ESTÁ FORA DOS AMBIENTES DE TRATAMENTO DE SAÚDE. É UM COMPROMISSO DE TODOS E UM ATO DE BEM-ESTAR SOCIAL.

Fazendo um raciocínio do geral para o particular, um sistema de controle de infecção pressupõe medidas gerais desde quando nos encontramos fora dos ambientes onde acontecem os tratamentos de saúde. Controlar contaminação e infecção deve ser um compromisso de todos e visto como um ato de bem-estar social. Atos biosseguros, seja dos profissionais ou dos pacientes, são comportamentos e um conjunto de ações muito mais amplos do que se possa imaginar. 

Segundo a ANVISA, a biossegurança é a “condição de segurança alcançada por um conjunto de ações destinadas a prevenir, controlar, reduzir ou eliminar riscos inerentes às atividades que possam comprometer a saúde humana, animal e o meio ambiente”.

A Norma RDC 15, de março de 2012, dá diretrizes para a instalação, organização e práticas em um CME – Centro de Material e Esterilização, a unidade funcional onde se conclui o referido “conjunto de ações” para processar produtos propriamente destinados aos serviços de saúde, mas os atos além-ambientes-de-saúde são importantes para contribuir com a segurança de todos. Cuidar da biossegurança é um ato cultural. 

Na visão global de uma clínica ou consultório, é fundamental, para um ambiente biosseguro, um projeto arquitetônico que contemple inúmeros aspectos que favoreçam comportamentos e rotinas de todas as pessoas, a ponto de influenciar a cultura dos envolvidos com ações intra e extramuros, conforme o conceito de “conjunto de ações” acima, pregado pela ANVISA.

Além de ações e conscientização humanas, um ambiente voltado para a Saúde deve contemplar: ventilação, iluminação, fluxo de pessoas e materiais, casa de máquinas, expurgos, áreas de serviço, instalações eletro-hidráulicas etc.

Chamamos especial atenção para ventilação e iluminação, que têm relação direta com a sanificação natural de ambientes.

Em relação a fluxo de pessoas e materiais, deve-se dar atenção especial à redução e racionalização de circulação, quando estes “espaços por onde” tiverem relação direta com contaminação.

Na medida em que aumentar a complexidade da clínica ou consultório, as medidas preventivas de controle e redução de riscos devem ser também incrementadas. Por exemplo:

1. Área de atendimento inicial do paciente separada do ambiente clínico.

2. Ambiente clínico biosseguro para trabalho a 4 mãos, com consultório, RX parede e periféricos.

3. Casa de máquinas com equipamentos de ar comprimido isento de óleo, sistema eficiente de sução através de bomba de vácuo. 

4. Dispositivos de descarte de instrumental utilizado/contaminado e armários de apoio, saída de material contaminado descartado pelos profissionais do recipiente diretamente para a CME via guichê, com circulação mínima.

5. CME com áreas suja e limpa separadas e dotadas de superfície sem pontos retentivos, lisas, de fácil limpeza e desinfecção.

6. Área suja equipada minimamente com pia, lavadora ultrassônica, dispositivo ou equipamentos de água filtrada ou purificada para fins de enxágue, bico de ar comprimido isento de óleo, ampla área de manipulação e lupa para inspeção visual.

7. Área limpa com pia, destiladora ou purificadora de água, seladora, autoclave, saída de material esterilizado para reuso equipamento de transporte e local de armazenagem.

8. Sugere-se que a Norma RDC 15, que disciplina os recursos mínimos indispensáveis para uma CME eficiente, seja estudada e seu conteúdo entendido plenamente por todos quantos estejam envolvidos no planejamento e na prática do controle de infecção em ambientes de saúde.

Deve-se entender que o Controle da Infecção, para ser efetivo, exige conceitos muito bem alicerçados em rigoroso protocolo dos atos biosseguros, a ser praticado numa sequência, como se fosse uma corrente, de tal modo que cada ação equivalha a um elo. Não existe ação, ou elo, menos ou mais importante, menos ou mais forte que os outros que compõem a cadeia de atos biosseguros. “Uma corrente nunca é mais forte do que o seu elo mais fraco”, é a lição que a microbiologista Dra. Isabel Yoko Ito deixou, quando falava em biossegurança e controle de infecção.

Uma ação mal executada é um elo que se rompe.  E, neste caso, a corrente de proteção contra infecção dos profissionais e pacientes não produzirá o efeito desejado.

Esses elos ou ações possuem uma relação de causa e efeito concatenados. Por isso, sugerimos a sequência protocolar abaixo para a garantia do processo:

1. O instrumento reutilizável contaminado pelo uso deve ser, de imediato, colocado em um recipiente com manipulação segura quando do encaminhamento à CME para descontaminação e pré-lavagem. Quanto mais rápido, depois do uso, um instrumental sofrer ações de limpeza e lavagem, mais eficientes estas serão. 

2. Realizar a pré-lavagem mecânica com instrumentos e detergentes adequados.

3. Executar limpeza profunda, principalmente nos pontos onde a ação mecânica não alcança, por meio de lavagem ultrassônica.

4. Seguir com o enxágue com água filtrada ou purificada. Secagem com jato de ar comprimido. E inspeção visual de superfícies antes do envelopamento ou empacotamento.

5. A inspeção visual deve ser feita com um instrumento de aumento. Se detectada alguma sujidade, o material deve voltar para a fase 1 e reprocessado.

6. Selar ou lacrar – atentar para a qualidade de solda da seladora, um pré-requisito muito importante para evitar abertura de pacote durante o processo de esterilização, manipulação e armazenamento.

7. Atentar para a técnica correta de empacotamento: não esticar o papel e o filme do pacote para não descolar durante o processo de esterilização e manipulação, colocar material da mesma natureza dentro de um mesmo pacote, proteger as pontas dos instrumentos para não furar ou romper os pacotes, tomar cuidado para que cortes de instrumentos não fiquem em contato com o dorso de outro instrumento. Enfim, atentar para todos os detalhes de um correto empacotamento de materiais. 

8. Proceder à identificação e datação dos pacotes para facilitar a gestão de armazenamento e reuso. Cuidar para que a tinta não se dissolva e perca a legibilidade. 

9. Esterilizar em autoclave – esse é um elo muito sensível na cadeira de proteção da esterilidade. A autoclave precisa ser um equipamento que retire ar frio da câmara de inox antes da esterilização e possua um eficiente processo de secagem. O ar é o isolante mais eficiente que se conhece, portanto, pacotes com bolhas de ar não são esterilizáveis.

10. Selecionar o programa correto, de acordo com o tipo de carga a ser esterilizado. Materiais diferentes pedem tempo, temperatura e pressão específicos. O tempo de secagem pós esterilização também difere de material para material.

11. Depois da esterilização e secagem absoluta dos pacotes (pacote úmido não mantém a esterilidade), proceder a nova inspeção visual dos lacres ou selamentos para assegurar, da armazenagem ao reuso, a esterilidade dos pacotes.

Para fechar o conceito de protocolo e rotina, como armas indispensáveis e poderosas para o controle da infecção, encerramos com uma frase de Aristóteles para todos refletirem: “A excelência não é um ato, é um hábito.” Portanto, o conjunto de ações deve estar incorporado à cultura de todos os envolvidos no processo.

Jeito Woson de Praticar Saúde.

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Waldomiro Peixoto
Consultor Técnico Woson