TESTE DESAFIO BOWIE & DICK PARA AUTOCLAVES A VÁCUO O QUE É E PARA QUE SERVE?

TESTE DESAFIO BOWIE & DICK PARA AUTOCLAVES A VÁCUO O QUE É E PARA QUE SERVE?

BIOSSEGURANÇA RESPONSÁVEL

Nos últimos artigos, neste espaço, vimos os fundamentos da esterilização, as diferenças entre autoclaves gravitacionais e a vácuo e a importância de o vácuo saturado injetado trabalhar conjugado com o vácuo para se ter um material efetivamente estéril e muito mais seguro.

Importante, para os procedimentos críticos, é ter a segurança de que seu esterilizador realmente esteja cumprindo o seu papel no Protocolo Operacional Padrão (POP) preconizado pela RDC15, da ANVISA. Aqui entra o teste-desafio Bowie-Dick (B-D). O material embalado e submetido ao procedimento de esterilização em sua autoclave pode ser considerado esterilizado, mas você está seguro de que de fato ficou estéril?


 

O QUE É E PARA QUE SERVE ESTE TESTE-DESAFIO B-D?

Constitui-se de uma folha-teste, com indicador químico tipo 2 sem chumbo e sensível ao vapor, posicionada dentro de um pacote, entre várias camadas de papel. Este “cenário” simula uma situação real de uma carga com alto grau de dificuldade para retirar bolhas de ar de dentro e, por efeito, semelhante dificuldade para a penetração do vapor saturado. Por isso é um teste-desafio.

É um teste padrão para: 1) avaliar esterilizadores que operam por remoção dinâmica de ar (conhecida por “pré-vácuo”), 2) para indicar visualmente o seu desempenho e 3) para constatar neles algum tipo de falha no processo de esterilização.

Os resultados do teste-desafio B-D devem ser registrados e arquivados no Sistema de Gestão da Central de Materiais e Esterilização (CME) para controle. Reforçamos: destina-se a autoclaves a vácuo, Classe B, e não a gravitacionais, Classe N, por estas não possuírem vácuo. Ademais, uma autoclave gravitacional não passaria no teste-desafio B-D.

O teste-desafio B-D é usado para a previsão de eventuais problemas futuros, pois “é possível antecipar-se que qualquer resultado não satisfatório piorará se o uso do esterilizador continuar.” (Charles Hancock, in “O que fazer quando há um problema com o teste Bowie-Dick”). Em outras palavras, é um teste preventivo para evitar efeitos danosos em processos de esterilização com resultados insatisfatórios. “Observamos que durante a execução do vácuo na câmara interna das autoclaves podem ocorrer falhas (bolhas de ar, entradas de ar falsas), podem surgir gases não condensáveis, e que tudo isso poderá ser apontado pela realização do Teste Bowie & Dick.” (in “Evolução do Indicador Químico Tipo 2”, Rosemary Bedirian Coelho e Creusimeri Rodrigues Gaspar Godinho).

 


QUANDO REALIZAR O TESTE-DESAFIO B-D?

No início do dia, com o equipamento vazio, posicionando o teste-desafio próximo do ponto de exaustão dentro da câmara de inox. Qual o tempo de exposição?  Durante 3,5 minutos depois de a temperatura ter atingido 134°C e a pressão 2,3 Bar ou 230 kPa, com secagem de 1 a 2 minutos.

Nessas condições e parâmetros, deverá ocorrer a “viragem da tinta” de forma uniforme no teste-desafio, indicando visualmente: 1) o resultado eficiente ou não na remoção das bolhas de ar de dentro dos pacotes, 2) vazamento ou entrada falsa de ar, 3) presença ou não de gases não-condensáveis, 4) falhas na qualidade do vapor saturado (presença de umidade acima de 5% ou superaquecimento) e mesmo 5) indicar a qualidade do destilado.

Se o teste-desafio “virar” de forma não-uniforme, visualmente aparecerão indicativos de: 1) resultado insatisfatório, 2) de falhas no processo de esterilização, 3) de que o material “esterilizado” poderá não ter ficado estéril. Claro que o profissional que interpreta os resultados tem que ser tecnicamente bem-preparado para interpretar corretamente as nuances das cores “viradas”, pois são estas que vão indicar – além da presença das bolhas de ar e falhas no vácuo – também vapor saturado não adequado e presença de gases não condensáveis, de acordo com Coelho & Godinho.

Se o teste-desafio indicar que seu esterilizador tem falhas, o que fazer? Obviamente, submetê-lo à manutenção por um profissional técnico especializado para corrigir suas falhas e a novos testes para aferir a sua eficiência e eficácia!

Para encerrar, ‘esterilizado’ e ‘estéril’ são conceitos distintos. “Esterilizado’ é aquele material ou instrumental submetido a um processo de esterilização, tendo ficado estéril ou não. Já ‘estéril’ é aquele material ou instrumental que, submetido a um processo de esterilização, teve a presença de micro-organismos viáveis completamente eliminada.

Por fim, o protocolo correto de manipulação e ou armazenagem é a forma mais eficiente de manter e assegurar a esterilidade até o momento de seu reuso do material ou instrumental. Lembramos que, de acordo com a Norma Brasileira NBR ISO17665-1, “esterilidade é o estado de ser (ou estar) livre de microrganismos viáveis”. E os microrganismos viáveis são exatamente os que devem ser destruídos pela esterilização quando eficiente e eficaz.

 

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Waldomiro Peixoto
Consultor Técnico Woson