SETEMBRO AMARELO - VOCÊ NÃO ESTÁ SOZINHO

 SETEMBRO AMARELO - VOCÊ NÃO ESTÁ SOZINHO

SETEMBRO AMARELO CAMPANHA DE PREVENÇÃO CONTRA O SUICÍDIO

 Este é um problema de Saúde Pública. Todos nós podemos ajudar e devemos nos engajar nesta luta. O apoio humano é sempre necessário e indispensável. Por isso precisamos estar atentos e preparados para dar apoio. Um dos caminhos é a informação correta, embasada por especialistas, sobre o tema.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, cerca de 800 mil pessoas falecem em decorrência de suicídios todos os anos. Na verdade, os números são subestimados. Populações distantes não registram da mesma maneira os acontecimentos.

Os quadros de suicídio ocorrem geralmente associados a situações de depressão ou desespero. O indivíduo sente tristeza, uma perda da perspectiva, uma sensação de que tudo perdeu o valor ou o sentido, o horizonte se fecha. Algumas pessoas se levantam com dificuldade para um dia arrastado de trabalho, sentem um cansaço incomum, perdem o sono ou, ao contrário, ficam com sono excessivo na realização de atividades.

A depressão mais grave pode gerar uma alteração profunda da estrutura do pensamento. O indivíduo pode chegar à “conclusão” de que a decisão “lógica” a tomar seria encerrar a vida. O indivíduo aparenta acreditar que está pensando logicamente. Pode mesmo rebater todas as tentativas de mostrar que não está pensando corretamente.

Para Karl Menninger, o ato de suicídio na depressão só acontece se o indivíduo tiver, além disso, acumulados contra si próprio, sentimentos de raiva e culpa intensos incontroláveis.

O fato é que toda pessoa que, a dada altura, chegar “à conclusão” de que pode ou deseja fazer algo contra si, o melhor é que procure tratamento especializado (ou que a ele seja levado). Não é um terreno que possa ser deixado a leigos ou pessoas sem formação.

Os quadros depressivos não respeitam fé, conhecimento, inteligência ou convicções sociais. Pessoas cometem o suicídio, mesmo sendo inteligentes, com um passado ativo de   liderança social ou até com histórico de orientar outros em igrejas ou comunidades.

O preconceito com tratamentos é um limitador importante. As pessoas, por vezes, não o procuram porque não querem ser consideradas “fracas” ou doentes. O preconceito em se tratar atinge todas as classes sociais.

Algumas sociedades muito rígidas favorecem o preconceito. Felizmente, isso vem mudando muito rapidamente. Mesmo entre pessoas de origem humilde ou com poucos recursos, já se procura o psiquiatra ou o psicólogo com mais facilidade.  Pastores e padres já encaminham seus fiéis quando pressentem que algo não está bem e fazem cursos sobre isso nos seminários e nos cursos de Teologia.

Mas há ainda um longo caminho da sociedade a enfrentar.

Hoje, os convênios de saúde são obrigados por lei a oferecerem psiquiatras e mesmo a internação quando necessária. O SUS (Sistema Público de Saúde) no Brasil também tem essa obrigação embora muitos gestores sejam ainda lentos ou inábeis em compreender essa necessidade.

Há medicações antidepressivas disponíveis mesmo na rede pública, mas, como sempre, não é aconselhável que sejam tomadas sem orientação médica, já que podem agravar um quadro sintomático agudo. No SUS, caso conheça alguém que precise, você pode procurar os Ambulatórios de Saúde Mental ou os Centros de Atenção Psicossocial ou mesmo um clínico de maior confiança, para uma primeira orientação.

A pandemia do Coronavírus trouxe desafios importantes para as pessoas em geral. O isolamento fez com que amigos e familiares enfrentassem mais quadros depressivos. E, assim, nosso papel social é ajudar a orientar quando necessário. Qualquer pessoa pode ter depressão ou pode enfrentar uma crise emocional em algum momento. O importante é saber quando procurar ajuda. Esse pedido de ajuda pode ser para você ou para alguém próximo, não tem hora e pode ocorrer em um sábado ou em qualquer outro dia. O primeiro passo é saber procurá-la e, muito importante, encontrar essa ajuda. Todos devemos estar atentos aos sinais e pedidos de ajuda.  

Alcoolismo e uso de substâncias nunca ajudam. Mudanças muito bruscas do comportamento, como o ficar muito quieto em uma pessoa que antes falava muito, pode ser um alerta de que ela pode precisar de ajuda.

Pessoas muito sozinhas, sem família, com poucos laços sociais, são mais propensas ao suicídio, segundo a maioria dos estudos. Um luto muito prolongado pode ser um sinal de que o seu familiar pode estar necessitando de mais ajuda.

A decisão de cometer o suicídio é muitas vezes um ato de um momento, do desespero. Se a pessoa puder ser ajudada a esperar, o suicídio pode ser evitado.

O apoio humano é sempre necessário e bem-vindo. A rigor, é indispensável. Estejamos atentos.

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Dr. Alexandre Firmo de Souza Cruz
Coordenador de Saúde Mental do Município Ribeirão Preto, Psiquiatra pela Sociedade Brasileira de Psiquiatria, Residente e Psiquiatra pelo HC da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, Especialista em Saúde Pública pelo Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP e Especialista em Gestão em Saúde pela FGV.