NÃO CONFUNDIR DESAERAÇÃO COM PRÉ-VÁCUO

NÃO CONFUNDIR DESAERAÇÃO COM PRÉ-VÁCUO

Autoclaves apenas com desaeração podem não conseguir esterilizar de forma segura cargas envelopadas que ofereçam dificuldades de penetração do vapor. Já autoclaves com pré-vácuo, sim, esterilizam quaisquer cargas mesmo com alto grau de dificuldade de penetração do agente esterilizante, o vapor. Leia o artigo todo para entender como isso se processa.

A primeira observação a fazer é: uma autoclave com desaeração – conhecida como gravitacional– não entrega o mesmo resultado que uma autoclave com vácuo – conhecida como pré-vácuo ou Classe B – quando os materiais considerados autoclaváveis pelo seu fabricante são submetidos a esterilização por vapor saturado.

Autoclaves apenas com desaeração podem não conseguir esterilizar de forma segura cargas envelopadas que ofereçam dificuldades de penetração do vapor. Já autoclaves com pré-vácuo, sim, esterilizam quaisquer cargas mesmo com alto grau de dificuldade de penetração do agente esterilizante, o vapor. Mais à frente, entenderá como isso se processa.

Há cargas de baixo e alto desafio. Um instrumento metálico de superfície lisa, sem articulações, desembalado ou embalado, por exemplo, é uma carga de baixo desafio. Já materiais acanulados, ocos, com orifícios, articulações, dutos e engrenagens (a exemplo de canetas de alta rotação ou contra ângulos), são exemplos de cargas de grande desafio.

O usuário pode comprovar as diferenças de resultado entre autoclaves com desaeração e com vácuo realizando testes de validação Bowie & Dick, que simulam cenários de grande desafio, seguindo com rigor as instruções do fabricante do teste. Outro teste que pode ser realizado é o Helix, que também simula cenário de grandes dificuldades de penetração do agente esterilizante.

 

Qual a diferença entre desaeração e pré-vácuo em autoclaves?

Como funciona a autoclave gravitacional que possui desaeração? A água destilada é colocada dentro da câmara de inox até submergir a resistência, que se esquenta e transfere calor para a água até esta atingir o ponto de ebulição e começar a gerar vapor. O vapor, não tendo por onde escapar, cria pressão e pressuriza a câmara até atingir cerca de 110 kPa, se a esterilização estiver programada para iniciar em 121°C. Ou até atingir cerca de 210 kPa se programada para iniciar a esterilização a 134°C. Ao atingir os parâmetros de temperatura e pressão determinados pelo fabricante da autoclave, antes de entrar na fase de esterilização, ocorre uma despressurização e parte do ar frio sai por um dispositivo instalado em um ponto estratégico da câmara de inox. A esta remoção de ar denomina-se ‘desaeração’.  

Há um princípio físico em esterilização que afirma: “onde existem bolhas de ar, estas impedem que haja esterilização”. As cargas, principalmente as de grande desafio, favorecem a permanência dessas tais bolhas de ar e apenas a despressurização - ou desaeração – não é suficiente para “sugá-las”, para eliminá-las totalmente. Onde restar bolhas de ar (o ar é um poderoso isolante térmico) o material não se esteriliza. Imaginemos uma bolha de ar dentro de um conduto, pressurizada entre seus dois extremos: por onde ela sairia? Os micro-organismos termorresistentes que estiverem dentro da bolha permanecerão isolados e vivos, motivo pelo qual a esterilização não ocorre neste ponto.

Outra consideração a fazer é sobre a qualidade da saturação e índice de umidade do vapor: qualidade superior nas autoclaves pré-vácuo e inferior nas autoclaves gravitacionais. O vapor gerado, nas pré-vácuo, em dispositivo próprio para ser injetado, atinge saturação e umidade em índices ideais como agente esterilizante. Nos sistemas gravitacionais, a saturação ocorre, mas com índice de umidade mais elevado, fora do índice considerado ideal.

Como funcionam as autoclaves a vácuo? Estas possuem uma bomba de vácuo, que gera alta pressão negativa dentro da câmara de ar e “suga” todo o ar de dentro das cargas, inclusive de dentro dos ocos, dos acanulados e dos dutos dos instrumentos rotativos, não permitindo nem a formação e nem a permanência de bolhas. Quando a autoclave a vácuo entra em funcionamento, sua bomba de vácuo entra em ação e a atmosfera dentro da câmara de inox atinge até 80 kPa negativos, momento em que o agente esterilizante (vapor), produzido pela máquina de vapor, é injetado e penetra na estrutura profunda das cargas, sejam elas de quaisquer materiais ou conformações. O vácuo é realizado 3 vezes antes de entrar na fase da esterilização, até ser retirado aproximadamente 100% das bolhas de ar de dentro das cargas e atingir o ponto ideal de esterilização. A este processo de “sucção” do ar por meio de bomba de vácuo denomina-se ‘pré-vácuo”.

Há inúmeros outros benefícios nas autoclaves Classe B pré-vácuo, mas isso é tema para outro post.  Aguardem!

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Waldomiro Peixoto
Consultor Técnico Woson